"Nas Velas do Violão" - autor
Prelúdio
Nas Velas do Violão reúne dois projetos pessoais. Primeiro, o desejo de escrever algumas memórias, a partir de pressões que me fazem muitos amigos. Segundo, transmitir um pouco do que aprendi sobre o ofício de criar canções. Sendo um amante das canções e dos relatos meditados de vivências pessoais, tentei fundir e encaixar as duas facetas. Criador de pequenas peças (as famosas doze músicas de três minutos de um antigo disco de vinil), encontrei um formato também de pequeno fôlego, próximo da crônica, para expor ideias, lembranças, anedotas e dicas técnicas sobre 71 canções. Por isto, cada crônica tem sua letra e sua partitura.
Recorrendo um bom pedaço de tempo (de vida?), incluí canções compostas desde 1967. Para abordar cada uma, me deixei levar pelo mais espontâneo que me sugeria ao ouvi-la, crendo que assim poderia transmitir o aspecto mais vital, aquele que mais me toca de cada tema. Assim, muitos detalhes e facetas que cercam cada canção e sua época, seu feitio e seu destino, deixam de ser referidos, para privilegiar o que me parece mais essencial. Pude assim oscilar entre o comentário severo sobre alguma passagem da técnica contrapontística e uma situação divertida entre músicos, pude passear com meu cão entre bromélias, pássaros e bovinos, pude tomar um chope no bairro boêmio, pude contar a angústia do exílio, pude reverenciar os parceiros que me somaram às suas artes, pude tentar compreender certas letras que não entendia, pude falar de amigas, amigos e mestr@s que são parte da pessoa que chego a ser hoje.
Nas Velas do Violão velejam comigo parentes, ídolos, colegas, bairros, cidades, países, exílios, amores, estéticas, éticas, sabores, alcóois, perfumes, piadas, filosofadas, bobices e seriedades. Vinicius de Morais, Mutinho, Pery Souza, Paulinho do Pinho, Tenorio Jr., Elis Regina, Jeronimo Jardim, Flora Almeida, Alfredo Zitarrosa, León Gieco, Mercedes Sosa, Tarrago Ros, Vicente Feliú, Toti Soler, Santiago Ellwanger, Pancho Giacobbe, passeiam suas canções pelos becos, palcos e botecos de Montevidéu, Porto Alegre, Barcelona, São Leopoldo, Osório, La Habana, Santiago do Chile, São Francisco de Assis, Palermo Viejo, Santa Tereza, Lapa, Sumaré, Auxiliadora, Bonfim, ao ritmo de candombes e afoxés, milongas e chacareras, sambas e valsas, zambas e tangos, discutindo a harmonia, a rima, o contraponto, a décima, o sotaque, a metáfora, a anacrusa, o soneto, a cantiga de ratoeira, sob as bandeiras de Garibaldi, Getulio Vargas, Rio Branco, Bolivar, Artigas, Allende e Marti.
Por detrás e por dentro das letras, partituras e textos deste livro está o sonho de fazer música popular bonita e comprometida, numa época e num continente estremecidos. Na voz que nasce do hálito do próprio peito, está a vida vivida, o breve tempo de urgências pessoais, a vicissitude do músico de província, o suave perfume do amor familiar e da amizade, o malabarismo de escapar às tiranias, o doce sendeiro do cantautor destes tempos e destas terras.
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Nas velas do violão
"Poetas da Dura Noite" - organizador
“Poetas da dura noite” descobre e resgata escritos poéticos realizados sob condição de opressão, entre 1964 e 1985 no Rio Grande do Sul. Cárcere, exilio, clandestinidade, vida secreta, desaparecimento forçado, são algumas das situações em que jovens mulheres e homens encontraram na poesia o apoio para superar períodos de desamparo e temor. Entre muitos outros, Brasil afora, eis alguns que escreveram naquela época.
Antônio Alberi Malfi
Antonio Pinheiro Salles
Athanásio Orth
Eloy Martins
Flávio Koutzii
Glênio Perez
Emanuel Medeiros Vieira
Guilem Rodrigues da Silva
Guillermo Rallo
Jaime Walwitz Cardoso
Jorge Fischer
José Luiz Mauricio
Luiz de Miranda
Luiz Eurico Tejera Lisboa (Ico)
Manoel Raimundo Soares
Nei Duclós
Nilton Rosa da Silva
Reneu Geraldino Mertz
Rui Neves da Rosa (Rui Neves Bernardes)
Vera Lígia Huebra Neto Saavedra Durão
Victor Douglas Nuñez